O salão nobre da ACI foi o palco da abertura das exposições “Com pé com cabeça” e “Pinturas: Marcel Diogo”. As obras apresentadas ao público promovem a reflexão, levantando dicussões e novos olhares sobre temas sociais provocativos.
“Com pé com cabeça” é um projeto interdisciplinar realizado pelo Coletivo A4, que abrange o universo sacro das salas dos milagres e ex-votos, por meio de representações plásticas. O acervo para a exposição começou com uma pesquisa em Congonhas, no Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, onde acontecem as romarias.
O Coletivo A4 é formado pelos bacharéis em Artes Visuais pela UFMG: Eduardo Rosa, Fábio Belotte, Renato Lopes, Sérgio Barros, Tales Sabará; e Priscila Costa, bacharel em Comunicação Social pelo Centro Universitário Franciscano.
As obras poéticas são expressas por meio da pintura, desenho, colagem, fotografia, escultura, objetos, apropriações e textos. “Começamos a produzir individualmente e em conjunto durante um ano. Os desenhos foram produzidos a quatro, seis mãos”, conta Eduardo.
A exposição propõe debates e reflexões sobre o que é construído pelos artesãos que realizam o trabalho sacro. “É um trabalho muito interessante, tanto pela história que carregam quanto pela estética. As produções não têm a finalidade artística, mas dispõem de uma construção visual fantástica”, argumentou o artista.
Em “Pinturas: Marcel Diogo”, o autor convida o público a conhecer e vivenciar as imagens marginalizadas, os produtos ideais, os símbolos de um Estado, o indivíduo, os padrões imagéticos sociais e as cartografias. Pela primeira vez em São João del-Rei, o pintor disse estar honrado em participar da 27ª edição do Inverno Cultural: “Já tive notícias do evento em Belo Horizonte. Toda a estrutura montada está de parabéns. Participar do festival se tornou uma grande responsabilidade para mim”, confessou.
Marcel ministra também a oficina “Pintura a óleo, técnicas e materiais pictórios”, na qual ensina as técnicas tradicionais de pintura como: a imprimatura, veladura, esfumato e empaste. O artista, especializado na produção pictória e em projetos curatoriais, também utiliza o vídeo, desenhos, objetos e performances como plataformas de divulgação da sua arte. “As minhas ideias se configuram por meio da pintura, mas transitar entre outras mídias me dá mais recursos como forma de expressão”, declarou.
A exposição mostra três séries diferentes que representam as fases da carreira do pintor. A primeira, com obras de 2005 a 2007, apresenta a natureza morta e explora objetos, frutas e corpos humanos, contextualizando a redução do ser humano a objeto. A segunda série exibe como a publicidade é trabalhada no universo das imagens, mostrando a curiosa relação entre marca e matéria-prima.
A terceira série, a produção mais recente do pintor, foge da abordagem dos objetos e propõe um debate crítico sobre os padrões de beleza impostos pelas ações publicitárias e sociedades de consumo. “Falhas expostas” explora imagens que deram errado, representando as fotos do álbum de família de Marcel, esteticamente erradas e que ninguém ousaria reproduzir.
O processo de criação do artista começa antes do ato de pintar, por intermédio da fotografia: “faço uma foto e, às vezes, utilizo softwares para ajustar a iluminação. Quando chego ao resultado que eu quero, começo a trabalhar a pintura”, relatou o artista. Os códigos urbanos são exemplos de referências que compõem os trabalhos dessa mostra. A partir das impressões geradas, o público é convidado a construir sua própria conclusão sobre aquilo que vive.
O professor aposentado Antônio Gaio viu a exposição e a classificou como um momento para se emocionar, “se me emociono, é bonito. Se não, é porque não é arte”, concluiu.
As exposições estão abertas para visitação até o dia 2 de agosto, das 9h às 20h.
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