Faltando um semestre para se formar em Engenharia de Produção na UFF, Leonardo Soares trancou a faculdade, pegou sua bicicleta e saiu pedalando por cinco países da América do Sul com o objetivo de conhecer iniciativas de trabalho coletivo para escrever seu projeto de conclusão de curso. A viagem de nove mil quilômetros foi tema de uma fascinante palestra no Anfiteatro do Campus Santo Antônio na última quarta, 30. Caminhos de Bicicleta – Um ano de viagem de bicicleta pela América do Sul foi apresentada como parte da programação do 27º Inverno Cultural da UFSJ.
De frente para sua bicicleta e única companheira de viagem, Leonardo contou como foi a experiência de passar um ano e três meses sobre duas rodas conhecendo os mais diversos e interessantes lugares do nosso continente. Saindo do Rio de Janeiro até chegar a Bogotá, na Colômbia, o ciclista se propôs a identificar os principais desafios enfrentados em cooperativas de artesanato, agricultura familiar e pesca artesanal. Mas a aventura já era um sonho antigo. A ideia surgiu ainda na adolescência depois de ler um livro sobre um ciclista carioca que pedalou dos Estados Unidos até o Brasil.
O roteiro que também incluiu Argentina, Equador e Peru foi todo registrado pelas ágeis lentes da câmera que levou junto. As fotos ajudam a contar a história de uma aventura que ensinou Leonardo a superar os seus próprios limites. Durante a jornada enfrentou de tudo: falta de abrigo, desgaste físico, problemas mecânicos, solidão e o frio insuportável na subida dos Andes. Mas ele teve a sorte de encontrar no caminho muita gente disposta a ajudar, dando abrigo, informações, comida ou até mesmo uma conversa amiga. “Eu ganhei várias mães na viagem”, brinca Leonardo, que tinha só 23 anos quando saiu de casa atrás dessa inusitada experiência.
Legado
No caminho de volta trouxe junto da pesada bagagem que carregava um aprendizado para a vida toda. O contato com outras realidades e culturas fez com que o ciclista mudasse sua percepção do mundo, relativizando o que já era certeza e quebrando preconceitos. Para ele, poder passar esse conhecimento adiante é uma maneira de retribuir um pouco toda a ajuda que recebeu. “Eu quero poder despertar em alguém o desejo, a vontade e a coragem de cair na estrada e realizar o seu próprio sonho, seja ele qual for”, diz.
E ele conseguiu. O exemplo do ciclista serviu de inspiração para quem estava ali. “Achei a palestra motivadora para se fazer coisas diferentes, conhecer outras culturas e se jogar nessa doideira de desbravar o mundo”, opina o professor Tiago Amaral, que saiu bastante satisfeito com a história que ouviu.
Leonardo fica até o fim do Inverno Cultural dando uma oficina de manutenção de bicicletas. A sua já está preparada para a próxima aventura: uma viagem de três meses na Colômbia visitando construções feitas em bambu ao lado de sua mulher. O seu lema “Nunca pare na pista” resume bem o espírito desse viajante que conquistou a todos os presentes com sua humildade e coragem de nunca desistir de ousar em fazer diferente.
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